Muitos políticos aderem à micromídia, mas nem sempre respondem os eleitores
Michele Amaral
Os políticos aderem às redes sociais, mas não as utilizam como deveriam. Entre os dias 29 de maio e 7 de junho, procurei 13 pré-candidatos ou candidatos a deputados na próxima eleição através da micromídia Twitter. Apenas 5 responderam e nem sempre imediatamente: o deputado estadual Délio Malheiros (PV – MG) e o vereador Cabo Júlio (PMDB) responderam no mesmo dia em que receberam a mensagem; a vereadora Neusinha Santos (PT), um dia depois; o deputado federal Antônio Roberto (PV) demorou 4 dias e o deputado estadual Gustavo Valadares (DEM), 6. Oito candidatos não responderam: a vereadora Luzia Ferreira e o deputado estadual Ronaldo Gontijo (PPS); os vereadores petistas João Bosco Rodrigues e Paulo Lamac e a deputada estadual do mesmo partido Maria Tereza Lara, os deputados estaduais do PSDB Domingos Sávio e João Leite, e o vereador Reinaldo Lima (PV).
Em entrevista aos alunos de jornalismo da Puc Minas na Assembléia, Délio Malheiros afirmou que é comum pessoas comentarem que ficam sem respostas quando entram em contato com os deputados. “É interessante que às vezes a gente responde (as perguntas) e (quem questionou) fala assim: ‘deputado, o senhor foi o único que respondeu’; ou ‘o senhor e mais três responderam, os outros setenta não’”, conta.
Esse foi o cenário detectado. Apesar dos políticos assumirem a importância dessas ferramentas para aproximação das pessoas, isso nem sempre ocorre. Para o deputado federal Antônio Roberto (PV), o Twitter contribui “principalmente na comunicação com os eleitores”, afirma através da micromídia. A vereadora de Belo Horizonte e pré candidata a deputada estadual pelo PT diz que utiliza a ferramenta sem o objetivo de conquistar eleitores. “Sou muito procurada, mas não procuro voto pelo Twitter. É uma forma de conseguir retorno sobre o que estou fazendo”, explica.
Délio Malheiros fala que as redes sociais e email são úteis para a fiscalização e cobrança dos políticos. Através dessas ferramentas “tem pessoas questionando tudo, perguntando como é que você votou, porque votou, quem você contratou, como é que você gastou verba indenizatória, o que você pagou. Eu acho muito bom você ter essa relação com as pessoas e as pessoas deviam cobrar mesmo. Mandar e-mail, twittar, perguntar para o deputado. Porque eu acho que só assim você melhora a relação com as pessoas”, ressalta.
A relações relações públicas Fernanda Freitas, adepta à rede, discorda que a rede é usada para fiscalização. “Tenho certeza que o Twitter será e está sendo um grande espaço para o debate sobre as propostas, ações e etc, mas fiscalização não, pois na maioria das vezes, as redes deles são alimentadas por assessores”, afirma.
O deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT) também utiliza as redes e fala da importância da Internet para aproximação dos eleitores. “A Internet tem um alcance global e isso é muito importante. O meio eletrônico é uma grande ferramenta que eu utilizo”, disse.
O vereador da capital mineira e pré candidato a deputado estadual pelo PMDB, Cabo Júlio, responde aos cidadãos, diariamente, não apenas pelo Twitter, mas também pelo Formspring – rede social de perguntas/respostas. Além dos questionamentos sobre seu mandato, o vereador debate sobre outros assuntos.
A publicitária e twitteira Mariana Lopes afirma que é preciso cuidado. “Briguinhas entre candidato cansam”, diz. Lopes diz seguir candidatos para conhecer melhor as propostas e alerta, os candidatos precisam explorar a micromídia com finalidade política e não pessoal. “Candidatos que twittam que o filho passou no vestibular, não dá”, reclama.
A má impressão
A natureza das redes sociais é a interação e, esse deveria ser o objetivo dos políticos que se inserem neste ambiente online. Não é o que acontece. Em alguns casos, políticos apenas marcam presença mas não participam da rede. “As redes socias são formas de interação no geral, uma vez que se ingressa em uma o intuito e ser participativo na mesma. Nos casos dos políticos, elas podem ser uma grande fonte de promoção para os que conseguem interagir. Acredito que os perfis sociais de políticos só devem existir quando há disposição em corresponder a altura os interessados, pois se há ineficiência no retorno das mensagens, a imagem negativa gerada é muito grande”, explica a estudante de Administração e adepta ao Twitter, Tábata Barbosa.
Luana Borges também é publicitária e twitteira e afirma que a presença nas redes sociais pode contribuir para os candidatos com pouca popularidade se tornem conhecidos. “É bom ser lembrado, principalmente para quem almeja cargos “menores”, isso (a inserção no Twitter) faz com que eles ganhem votos. Mas mostrar-se na rede significa também ficar vulnerável”, afirma. De acordo com Borges toda a potencialidade da micromídia não é explorada. “O Twiter é uma ferramenta incrível, que poderia ser utilizada para nos aproximarmos e conhecermos os candidatos não apenas no âmbito político, mas também pessoal. Mas muitos políticos se colocam numa posição de semi-deuses e não como povo”, fala.
De acordo com o vendedor Michel Reis, quando os políticos não respondem as perguntas ou não ouve as opiniões dos eleitores há um desrespeito por parte daqueles que deveriam representar o povo. “ Essa deveria ser uma ferramenta de aproximação e que poderia inclusive contribuir para a concepção das propostas em épocas eleitorais. Se os candidatos ouvirem o que as pessoas tem a dizer, poderão fazer propostas que atendam a esses anseios, explica”.
Eu, Michele, concordo que o Twitter precisa ser melhor explorado pelos candidatos. Twittar com os eleitores beneficia ambos os lados. Os eleitores podem questionar e conhecer melhor os candidatos, o que praticamente não é possível por outros meios. Nós eleitores deixamos de ver os políticos apenas nas épocas de eleição e podemos continuar conhecendo e formando opinião a respeito deles durante todos os anos, sejam eles eleitorais ou não – e isso é espetacular. Ao mesmo tempo, os candidatos possuem um feedback instantâneo e pode ir se lapidando para buscar uma reeleição. Ele pode divulgar seus projetos, buscar apoio, tornar-se conhecido e ainda tem a oportunidade de projetar um plano político com maiores chances de acerto, tendo em vista as possibilidades de interação com os cidadãos, sem precisar de intermédio de meios de comunicação que podem inserir, voluntariamente ou não, a percepção editorial da mídia que representa.
Procurei 13 deputados e apenas 5 responderam. É um número muito pequeno. Dirigi perguntas variadas, sobre projetos que apresentaram a ALMG ou sobre a situação política da aliança PMDB – PT. Como retorno tive a surpresa de alguns posicionamentos interessantes e a decepção de alguns, que a princípio, poderiam conquistar meu voto. Não digo que os escolhidos por mim dependerão apenas dos debates que procuro promover com os candidatos mas, sem dúvida alguma, esses serão mais importantes que os debates “ensaiados” da televisão.
Você é um dos políticos que não me respondeu? Comente o post que divulgarei…
Abraços e até mais!